A perícia feita nesta quarta-feira pela Divisão de Homicídios (DH) no local onde Ryan Gabriel, de 4 anos, foi morto dentro da favela do Cajueiro, em Madureira, na Zona Norte do Rio, concluiu que o tiro que acertou o menino foi uma bala perdida disparada a cerca de 120m da calçada onde o garoto estava. O EXTRA acompanhou o trabalho da polícia na favela e refez o trajeto que, segundo os peritos, a bala do fuzil calibre 556 percorreu: da Avenida Ministro Edgard Romero, por trás das grades de um campo de futebol num dos acessos da favela, até o alto de uma escadaria, onde começa a Rua Fausto Laurindo, endereço da família de Ryan.
O disparo entrou pela lateral do tórax do menino, que estava em frente ao beco onde fica a casa de seu avô, e saiu pelo peito. A cerca de 10m do local onde estava Ryan, policiais encontraram um sofá usado por traficantes do Cajueiro para monitorar bandidos da favela rival. Os agentes também detectaram marcas de disparos em diversos muros e portas nas proximidades. A casa onde a família de Ryan mora, entretanto, fica dentro de um beco e não foi atingida.
A DH já concluiu que o crime foi resultado de um ataque de traficantes da Serrinha, favela vizinha, também em Madureira, ocupada por uma facção rival. De acordo com testemunhas, na tarde do último domingo, bandidos saíram da Serrinha em dois veículos, uma moto e uma picape. Na altura do campo, o comboio parou, pelo menos um bandido com um fuzil desembarcou e atirou para o alto, em direção à rua onde o menino estava. O suspeito de ter atirado já foi identificado: é um jovem de 18 anos, que ainda ainda não teve mandado de prisão expedido pela Justiça.
— No momento do tiro, a rua estava muito cheia. Estamos cansados desses ataques. Há uma semana, teve outro. Alguns vizinhos já reforçaram as paredes para os tiros não entrarem em casa — disse Tayane da Silva, de 20 anos, mãe de Ryan.
O delegado titular da DH, Fábio Cardoso, descartou que o menino tenha sido o alvo do ataque. Segundo Cardoso, os tiros foram dados a esmo.
Família vai processar estado
O advogado que representa a família de Ryan, Hugo Santana Onofre Alves, afirmou, durante a perícia, que parentes do menino vão processar o estado pelo crime.
— O estado têm responsabilidade pelo que aconteceu. É do estado a responsabilidade de prover segurança ao cidadão — disse o advogado.
Durante a perícia, PMs do 9º BPM (Rocha Miranda) reforçaram o policiamento nas ruas do entorno do Cajueiro e também na favela da Serrinha, para onde foi mandado um blindado.
Ontem, o Portal dos Procurados aumentou a recompensa por Walace de Brito Trindade, o Lacosta, apontado como chefe do tráfico de drogas do Complexo da Serrinha. Quem der informações que levem à prisão do criminoso receberá uma recompensa de R$ 10 mil. Antes, o valor oferecido era de R$ 5 mil. Para a polícia, a ação dos bandidos no Cajueiro teve a anuência de Lacosta.
Leia mais: http://extra.globo.com/casos-de-policia/pericia-conclui-que-tiro-de-fuzil-que-matou-ryan-foi-disparado-cerca-de-120-metros-do-menino-18987904.html#ixzz44UHCozM5
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